quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O lugar da lógica e da argumentação: do ensino superior ao ensino secundário



Henrique Jales Ribeiro
TLA-LIF, Universidade de Coimbra

Introdução

Duas ou três palavras sobre o tema da minha comunicação. O auditório dos meus cursos como professor de lógica e de argumentação, na Faculdade, é teoricamente constituído por esses mesmos alunos que no 10.º e 11.º anos de escolaridade frequentaram a disciplina de filosofia no ensino secundário. Por isso, do que se trata com a minha comunicação é de certa forma de fazer o percurso inverso em relação àquele que foi/é sugerido pelo tema deste colóquio internacional: enquanto, na perspectiva desse tema, se investiga o que é que da lógica e da argumentação deve constar no programa de filosofia para o 10.º e 11.º anos de escolaridade, ou que relações curriculares devem ter tais matérias com as outras que fazem parte desse programa, do que se tratará aqui é de saber que competências básicas nas primeiras devem ter os alunos de forma geral quando entram no 1.º ano do 1.º ciclo universitário em filosofia.

Por outras palavras: vou colocar-me na perspectiva de alguém em princípio devidamente habilitado academicamente, em especial, de alguém que já prestou provas para a categoria de “professor associado” na área da lógica1, que ensina esta matéria e a argumentação há vários anos, que sempre procurou ter em devida conta as capacidades, competências e, sobretudo, as dificuldades dos respectivos alunos, e que se interroga sobre o que é deve ser leccionado de lógica e de argumentação no ensino secundário para que o ensino universitário das mesmas cumpra integralmente a sua missão. Vou, pois, da frente para trás, de jusante a montante.

Em síntese, as minhas questões fundamentais na perspectiva da recepção a que acabo de aludir e tendo em conta o tema do colóquio, são:

1. Que competências nas áreas da lógica e da argumentação deve um ex-aluno do ensino secundário possuir quando entra na universidade por forma a cumprir eficazmente as exigências dos programas de ensino (nessas áreas) que são estabelecidas por ela (e desde logo, como é o meu caso e o da maior parte dos meus colegas) e respectivos professores?

2. Como é que, com base nessas competências previamente adquiridas no ensino secundário, se deve conceber à partida o ensino de lógica e de argumentação na licenciatura em filosofia?
É claro que uma resposta cabal a cada uma destas questões passa por avaliar e discutir, desde logo, o que é que de lógica e de argumentação é efectivamente leccionado no ensino secundário e quais são as maiores ou menores contingências e/ou dificuldades dessa leccionação (didácticas e outras). Como é que um programa (como é o caso do programa do 10.º e 11.º anos de escolaridade), que é suposto ser, pelo menos em abstracto ou teoricamente, um “bom programa”, é, na prática, leccionado? Em que medida é que a avaliação dos resultados dessa leccionação pode conduzir a uma revisão dos conteúdos e objectivos do próprio programa? São perguntas óbvias e fundamentais para os professores do ensino secundário e, sobretudo, para aqueles que se reúnem hoje aqui, neste colóquio internacional. Não se deve esquecer, porém, que são igualmente questões incontornáveis para os próprios professores do ensino superior, em particular para aqueles que, como acontece comigo, têm o dever e a responsabilidade de ensinar a lógica e a argumentação. Uma parte desse público-alvo do programa do ensino secundário de filosofia é o mesmo que, cerca de dois a três anos depois, virá a sentar-se aqui nas carteiras da universidade.

Quem quiser ler a continuação desse artigo favor visitar o site:

http://criticanarede.com/html/ensinodalogica.html

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Método ou "receita de bolo"?



A história da filosofia nos tem mostrado que não há unanimidade em relação a escolha de um método para ser adotado no ensino, na pesquisa, na ação filosófica, ou no escrever filosófico.
Só pra citar alguns: Platão, Descartes, Espinosa, Hegel e Husserl divergem em relação ao uso de regras de um método. Desses, há métodos especiais desenvolvidos por eles mesmos como: existencial, fenomenológico, dialético, intuitivo e o transcendental que podem privilegiar a análise, a síntese, indução, dedução, a ação, o processo...
Porém, uma questão que merece ser privilegiada é: Que fins e meios irei adotar para ensinar nas minhas turmas do 1°, 2° e 3° anos do ensino médio da rede pública ou particular?
Comumente utiliza-se a tendência empirista herdada do modelo de Escola Tradicional onde o aluno (desprovido de luz) é uma tabula rasa que precisa ser escrita e o professor (aquele que professa, ou prega) deve escrever e emanar conhecimento (luz).
Pode-se, a partir dessa perspectiva, oferecer um conhecimento enciclopédico, focar na história da Filosofia tendo o conhecimento como um produto pronto, sem necessidade de trocar, de feedback ou reconstruções de conceitos. Com essa escolha temos a facilidade para adotar um livro qualquer de história da Filosofia e fazer com que os alunos copiem ou decorem seu “conteúdo”.
Tendo a comparar a escola tradicional com uma indústria, como os seus termos o denunciam: produto, processo, matéria, conteúdo, disciplina, qualificação para o trabalho et alli... Mas como não estamos aqui para discutir uma filosofia da educação ou uma crítica ao Establishment e o Status Quo voltemos para o Ensino.
Tenho me preocupado muito com as solicitações, dos professores, de “receitas de bolos” (aulas prontas) para ensinar, com material pronto. Até entendo, pois estão no labor, no sentido que Hannah Arendt descreve, mas que o professor deixe de ser aluno, estudante ou pesquisador é preocupante, e um professor de Filosofia alienado (tornado coisa) é tão necessário quanto a Wikipédia ou um Cd Room comprado em bancas de revista.
A partir do século XX, a ênfase foi retirada do produto e colocada no processo pelo qual o aluno atua de modo dinâmico. Com essa escolha, um professor desatento, mal preparado ou alienado, pode deixar de lado a herança cultural e se perder em discussões infrutíferas e infindáveis. Mas vai aí outra “receita de bolo”: pegar um tema da atualidade como a política, a violência e a liberdade apresentando-lhes questões para que os alunos os problematizem e discutam em grupo e avaliando-os a partir dos conteúdos apreendidos, discutidos e até escritos.
Desse dilema da Filosofia como produto ou como processo vale ressaltar que o produto (o conhecimento) por exemplo história da filosofia, é indispensável no ensino de Filosofia. E de nada vale se o aluno adquire esse conhecimento e não tem a capacidade de expressá-lo, ou seja de processá-lo.
Mesmo que tenhamos que aceitar o material didático, escolhidos pelos secretários de educação estaduais, podemos passar por cima de alguns conteúdos e substituí-los por outras referências, ou até acrescentando mais material.
Na Filosofia temos uma vantagem em relação a disciplinas como Matemática e Ciências da Natureza que é em relação a escolha de conteúdo que para eles já está posto e é imovível, já para a Filosofia é outra história, pois mesmo que nos dêem um plano de aula, de curso, livros, filmes, podemos, utilizando o mesmo material, levar as discussões para a profundidade ontológica ou epistemológica que quisermos.

Não que goste, mas procurarei escrever algumas “Receitas de bolo” daqui em diante.
Profº Ms. Marney Cruz

sábado, 15 de janeiro de 2011

Novas perspectivas

- Oi, tudo bem?
- Tudo Bem...
...Fora o tédio que me consome,
todas as 24 horas do dia,
fora a decepção de ontem a decepção de hoje,
e a desesperança crônica no amanhã,
tenho vontade de chorar,
raiva de não poder,
quero gritar até ficar rouco,
quero gritar até ficar louco,
isso sem contar com a ânsia de vômito,
reação a tal pergunta idiota
...Fora tudo isso, tudo bem.
(Garotos Podres - Oi, tudo bem?)

O vocalista Mao da banda punk Garotos Podres quando escreveu essa letra na década de 1980 não esperava que em 2011 tantos horizontes fossem se descortinar depois de 2 gestões presidenciais que pudessem melhorar a vida do povo.

Todavia a situação do professor acabou assumindo papéis nunca a ele atribuídos como de pai, psicólogo, médico, policial dentre outros. Para não falar da situação que o atual governo estadual não colabora para melhorar a condição salarial de um professor sobrecarregado de horas aula.

Fora esse mal estar dos professores da rede pública de ensino estadual, praticamente, não terem férias por causa do calendário escolar que está atrasado.

Pessimismo a parte a UFC e a UECE conseguiram aprovação com o MEC para 2 cursos de especialização em Ensino de Filosofia no Ensino Médio que atenderão 150 alunos cada IES. Essas vagas serão destinadas para professores da rede pública de ensino e serão gratuitas. Além desse curso outras formações serão oferecidas pela UFC para professores de Filosofia também.

Foram convocados e assumiram em Fortaleza apenas 33 professores de filosofia pela SEDUC-Ce mas outros serão chamados de acordo com a demanda.

Um fenômeno nunca visto é a oferta de vagas nos classificados de jornais de grande circulação do estado para professores de Filosofia (Ensino Médio e Graduação). Acredito que se os professores buscarem formação continuada a possibilidade de conseguirem melhores ofertas de emprego e melhoria salarial é hoje como nunca fora no estado do Ceará. Novos concursos para graduados, especialistas, mestres e doutores em Filosofia também estão sendo abertos. Oficinas, mini-cursos, cursos de várias modalidades também não param de surgir para aqueles que continuam na busca do saber e, consequentemente, de melhorarem sua práxis em sala de aula e no cotidiano.

Não desistam pois como já dizia Leibniz "Esse é o melhor dos mundo possíveis." (rsrs)

2 sugestões de leitura Otimista e Pessimista
O Cândido, O otimista - Voltaire
O Mundo como vontade e como representação - Schopenhauer

Em breve divulgaremos os primeiros trabalhos do grupo de estudos de ensino de Filosofia.

FELIZ 2011!!!

Música: Iemanja
Banda: Lokaus

raiou lá no norte
primeiro sol de luz
descendo dos caminhos
a estrada que conduz
pegando desvios, pegando atalhos
fazendo de tudo
pra não ser mais um otário
determinação já venceu minha razão
um poco de otimismo
me mantem nessa missão
determinação já venceu minha razão
um poco de otimismo me mantém nessa
Iemanja, manda uma onda pra eu surfar
manda uma onda que eu quero ver
eu quero ver o mar descer
fumando minha cabeça
já estranhou de lugar
esperando algum direito
eu vou me jogar
não estou sozinho
deixo o nada pra depois
saindo daqui pra ver
o pôr-do-sol nós dois
determinação já venceu minha razão
um poco de otimismo
me mantem nessa missão
determinação já venceu minha razão
um poco de otimismo me mantem nessa
Iemanja, manda uma onda pra eu surfar
manda uma onda que eu quero ver
eu quero ver o mar descer